Óleo Essencial de Neroli (Flor de Laranjeira)

O óleo essencial de neroli é considerado um dos óleos mais finos e requintados do mercado. Ele é obtido a partir da flor da laranjeira amarga e, como veremos adiante, “vale ouro” no mercado de óleos essenciais. A lenda conta que o termo “neroli“, usado para designar a flor da laranjeira, surgiu no século XVII devido a paixão de Marie-Anne de la Trémoille pelo aroma dessa flor. Marie-Anne, naquela época era a princesa da “cidade de Nerola” e sempre perfumava suas luvas com essa doce e deliciosa fragrância. Com o tempo, as pessoas começaram a associar a flor à jovem princesa, o que resultou nessa troca de nomes que hoje conhecemos. O óleo essencial de neroli apresenta uma coloração amarelo-brilhante bem como um aroma floral doce insubstituível, o qual, conforme Deborah Eidson (2000) em “Vibrational Healing: Revealing the Essence of Nature through Aromatherapy and Essential Oils” auxilia nos caminhos pessoais do autoconhecimento e do desenvolvimento do amor-próprio. É, ainda, considerado um clássico da perfumaria, sendo bastante utilizado – na era das colônias – como um “precursor” para uma infinidade de perfumes populares, como a Água-de-colônia original e o Unissex Eau de Cologne 4711. Por fim, tornou-se famoso por seu alto valor de mercado. Inclusive, cabe aqui uma ressalva: não existe no mercado óleo essencial de neroli 100% puro barato! Tal preço se justifica pela enorme quantidade de flores exigidas para se obter 1 quilo de óleo: aproximadamente 2 toneladas.

O óleo essencial de neroli, de acordo com Justine Crane (2012) em “Natural Botanical Perfume”, possui um aroma limpo, mais agreste, menos da flor e mais da árvore inteira da laranjeira-amarga, o qual pode ser percebido como uma versão mais florida do petitgrain. É diferente, portanto, do concreto/absoluto de neroli, que tem o aroma de um pomar de laranjeiras em flor, cefálico, narcótico, sendo mais parecido com o floral da gardênia, do jasmim e da tuberosa. É caracterizado pelo elevado conteúdo de alcoóis totais, cerca de 35%, mas que pode se elevar para 67% com o predomínio do l-linalol sobre os outros alcoóis (alfa-terpineol, geraniol, nerol, álcool feniletílico, farnesol, nerolidol e outros). Os ésteres, entre 6% e 24%, por vezes mais, estão particularmente representados pelo acetato de linalila (também encontrado em quantidades apreciáveis no óleo essencial de lavanda). Contém ainda aldeídos, ácidos livres e compostos azotados, como antranilato de metilo, e ainda uma quantidade escassa, não superior a 0,1%, de indol – elemento que quando concentrado apresenta um odor fecal intenso, repulsivo, mas que cheira a flores em baixas concentrações. De acordo com a literatura, é um óleo que tem poder anti-séptico, digestivo, sedativo, antidepressivo, bactericida, fungicida, emoliente, carminativo, afrodisíaco e desodorante. Na pele, ele ajuda a eliminar as manchas, cravos e espinhas. Aliás, qualquer tipo de pele pode se beneficiar de suas propriedades, no entanto, as secas, irritadas ou sensíveis respondem melhor ao tratamento com este óleo. Ele também ajuda nos casos de insônia, estresse, cólicas, má circulação e dores de cabeça.

Recentemente, a Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine publicou um artigo sobre os efeitos do óleo essencial de neroli em 63 mulheres com menos de 65 anos; as quais foram submetidas a inalação (nas concentrações de 0,1 ou 0,5%) deste óleo por 5 minutos duas vezes ao dia por 5 dias. Neste caso, constatou-se que o óleo, de fato, alivia os sintomas da menopausa e estresse, aumenta o desejo sexual (funcionando como afrodisíaco) e reduz a pressão alta em mulheres na pós-menopausa, com melhora dos níveis e pulsos de liberação de cortisol e concentração de estrogênio. A queda do estrogênio na menopausa e pós-menopausa possui correlação direta com as sensações de ondas de calor, os populares “fogachos “. Além disto, sua queda também impacta no aumento de risco do surgimento de osteoporose, dificuldades cognitivas e na memória, além de alterações na hidratação da pele, desejo sexual e pré-disposição a quadros depressivos. Logo, as melhoras nos níveis deste hormônio, proporcionadas pelo óleo, é de suma importância; mostrando-se eficaz e sem qualquer efeito colateral.

(*) neste estudo, apenas o grupo que inalou na concentração de 0,5% apresentou aumentos nos níveis de estrogênio.