Óleo Essencial de Cardamomo

O óleo essencial de cardamomo, de coloração amarelada, é extraído por destilação a vapor das sementes da Elettaria cardamomum e apresenta um agradável odor quente/picante. Não dever ser confundido, portanto, com o óleo essencial de cardamomo preto (Amomum subulatum), planta que pertence a outro gênero e que contém (-)-allo-aromadendrene na sua composição. O óleo de E. cardamomum é, segundo alguns autores, o mais aromático obtido a partir de sementes e um dos mais antigos em uso, afinal, Valerius Cordus, um célebre botânico alemão, publicou sua técnica de destilação em meados de 1540. Ele contém mais de 25% de 1,8-cineol, diversos hidrocarbonetos (limoneno, sabineno, etc), vários álcoois (borneol, linalol, d-alfa-terpineol) e 25 a 40% de acetato de terpenilo. Recentemente, também foi identificado o ascaridol, diversos aldeídos e cetonas, e heptacosano em sua composição. Quanto suas aplicações, é bastante empregado na indústria alimentícia, como flavorizante, e na fabricação de perfumes – principalmente na composição de colônias frescas e que contém notas de chá, exemplos: Shiraz (Natura), Starring for Men (Avon) e Voyage d’Hermès (Hermès). Todavia, trata-se de um óleo que, quando puro, é capaz de provocar dermatites – razão pela qual deve sempre ser diluído antes do uso. Também, em razão do seu alto conteúdo de 1,8-cineol, conforme Melis (1989) em “Accidental nasal eucalyptol and menthol instillation”, a inalação dele por longos períodos deve ser evitada por crianças pequenas (menos de 2 anos de idade). Afinal, o 1,8-cineol, embora seja um exímio expectorante e supressor da liberação de citocinas, o qual é empregado na formulação de medicamentos para rinite, bronquite e asma, não é indicado para bebês ou crianças pequenas – sob o risco de causar uma descompensação respiratória – pois, nas crianças pequenas, o 1,8-cineol ativa os receptores TRPM8, que acaba por estimular o nervo trigêmeo onde, por reflexo, reduz a frequência respiratória. Na aromaterapia, o óleo essencial de cardamomo é geralmente indicado em casos dispepsias, espasmos intestinais, bronquites, inflamações, perda de apetite e como antiemético.

O cardamomo e seu óleo estão listados na Indian Materia Medica como aliviadores de náuseas e vômitos. Isto ocorre, provavelmente, por conta do teor de borneol existente no óleo, que age bloqueando a ação da acetilcolina tal como o fármaco comercial antiemético prometazina. Assim sendo, conforme cita Cabo e colaboradores (1986) em “The spasmolytic activity of various aromatic plants from the province of Granada. The activity of major components of their essential oils.”, este óleo é capaz de restaurar o equilíbrio excitatório-inibitório e aliviar os sintomas de náuseas e vômitos em poucos minutos. Também, de acordo com Hashim (1994) em “Modulatory effects of essential oils from spices on the formation of DNA adduct by aflatoxin B1 in vitro”, o óleo essencial de cardamomo é capaz de inibir a carcinogênese induzida pela aflatoxina B1 (AFB1), o principal metabólito produzido por fungos do gênero Aspergillus. A aflatoxina B1 está epidemiologicamente associada a alta incidência de câncer hepático, a qual manifesta seus efeitos tóxicos após conversão hepática em AFB1-epóxido – sendo responsável por múltiplos casos fatais, anualmente. Já em outro estudo, com ratos, verificou-se que este óleo é um potente estimulante da GST (Glutationa S-Transferase), uma enzima desintoxicante que – nos humanos – promove a conjugação de carcinógenos que sofrem prévia bioativação pelas enzimas de fase I do metabolismo de xenobióticos no interior do citocromo P450. Isto significa que o óleo de cardamomo, ao aumentar a atividade da GST, pode diminuir a toxicidade de substâncias mutagênicas, contribuindo para a desintoxicação do organismo. Todavia, até o momento, não é possível afirmar que este é o “mecanismo de ação” em relação a aflatoxina B1 (AFB1), relatado anteriormente. Por fim, Jamal (2006) em “Gastroprotective effect of cardamom, Elettaria cardamomum Maton. fruits in rats”, afirma que o óleo de cardamomo é um possível agente gastroprotetor, pois em ratos é capaz de inibir a irritação gástrica e lesões ulcerativas induzidas por etanol e aspirina.